O Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez foi fundado pela ideologia, idealismo, dinamismo e competência de Marina Helena Lorenzo Fernândez Silva, que se casou e veio fixar residência na cidade. Recém chegada em 1947 do Rio de Janeiro, ficara empolgada com a musicalidade dos montesclarenses e seu avançado nível musical, que eram orientados por alguns professores de piano como, Dona Moza, Joaquim Calixto e Dulce Sarmento. Várias senhoras ministravam aulas particulares de piano em casa. Acreditando no potencial dos jovens, começou a trabalhar.

Traçadas as metas, e com o auxílio das senhoras Jacy Fróis Veloso, Terezinha Machado Tupinambá, Rosalva Dutra Nicácio, Helena Prates Quadros, entre outras, iniciou-se a penosa tarefa de angariar recursos, recrutar professores e alunos. Na época diziam alguns "Montes Claros é terra de boi!" e não acreditavam na extravagante ideia. Contudo alguns fazendeiros doaram o primeiro piano e pessoas influentes da sociedade contribuíram com o projeto doando móveis e utensílios. Vingaram-se os esforços, e assim, em meados de agosto e setembro de 1960, iniciou-se a realização do sonho de fundar uma escola de música.

No dia 14 de março de 1961, doutor Simeão Ribeiro Pires, então prefeito da cidade e grande entusiasta da notável iniciativa, credencia Dona Marina, entregando-lhe a chave de uma casa situada na rua Dr. Veloso, 486, dizendo-lhe: “Faça um Conservatório”. E assim foi instalado o Conservatório Municipal de Montes Claros, que funcionou até sua estadualização, recebendo o nome do maestro e compositor Oscar Lorenzo Fernândez, pai de Dona Marina. Porém, havia muito a ser feito e a comunidade unida travava a primeira batalha para outras conquistas.

Os primeiros instrumentos, mesas, carteiras e até um filtro de água, foram doados ou emprestados por pessoas da sociedade que acreditavam na causa. Os professores não recebiam vencimentos e, alunos que podiam, contribuíam com pequena quantia para as despesas. Grandes foram as dificuldades. Entretanto, o espírito de luta de Dona Marina, apoiada pelas modestas professoras, tudo superou.

E, em março de 1962 foi Estadualizado, pelo Governador Magalhães Pinto e o Secretário da Educação, professor Oscar Dias Corrêa. A “jovem” Escola promovia no decorrer do ano, concertos, audições, exposições de pintura e artesanato, apresentações de danças, teatros e corais, destacando-se apresentações do Coral Lorenzo Fernândez, do Grupo Folclórico Banzé, no Brasil e exterior. Em 1980, a professora Antonieta Silvério funda o Grupo Instrumental Marina Silva, que se destaca também na cidade e no país com suas inúmeras apresentações e conquistando o 3º lugar no Prêmio Sharp. Com o passar dos anos, a escola foi ampliando cada vez mais o seu quadro de alunos, sendo necessário a mudança para um espaço maior, transfererindo-se então para a sede própria, à rua Dr. Veloso, 432, Centro, através da troca de um terreno adquirido, com os sócios proprietários do antigo Clube Montes Claros, que ali funcionava.

Durante anos, mesmo depois de estadualizado, os professores doavam 20% de seus vencimentos, que eram empregados na compra de instrumentos, reformas e para trazer professores especializados e artistas famosos. Vinte e sete anos se passaram. Dona Marina se aposenta, muda-se para o Rio de Janeiro, onde vai administrar o Conservatório Brasileiro de Música, fundado pelo seu pai e nosso patrono, Oscar Lorenzo Fernândez. Para a função de diretora, é indicada a professora Lygia dos Anjos Braga, com gestão bem sucedida, quando foram comemorados, com grandes pompas, os 30 anos do CELF, marco importante para a sua história. Sua sucessora eleita, a professora Marina Sarmento Velloso, também se destaca com a criação do renomado Grupo Folclórico Zabelê em 1994.

Em 1996 com apoio de políticos, Fundação Graciema e sociedade Bocaiuvense, inaugura-se o anexo do Conservatório Estadual de Musica Lorenzo Fernândez na cidade, com cerca de 350 alunos nos cursos e atividades: violão, musicalização, piano, flauta doce, teclado, ballet, teatro/dança, artesanato, desenho/pintura e canto coral, atendendo não só à comunidade bocaiuvense, mas, também às cidades vizinhas, hoje com 650 alunos.